Em alguma medida, todos nós somos diferentes uns dos outros. A convivência nos torna cientes dessas diferenças mas também das semelhanças, visto que compartilhamos, nesse convívio, de nossa humanidade comum. Todos buscam e desejam, por exemplo, a felicidade. Se sentir pertencente e incluso nos diferentes ambientes é um fator de promoção da felicidade. Não à toa, todos buscam pertencimento. Por essa razão, a inclusão de alunos com necessidades pedagógicas especiais é um tema de grande importância. E para abordar esse tema, nada melhor do que ouvir a opinião de quem já foi aluno com necessidades especiais e que, hoje, está na posição de acolhimento.
Rhuana Barreto Moreira, de Campos dos Goytacazes (RJ), teve a retina queimada ainda bebê, por erro médico. Começou a frequentar uma escola especializada para cegos aos três anos de idade, onde teve todos os estímulos e atendimentos necessários para desenvolver a leitura em braile. Numa época em que inclusão ainda era um grande tabu, Rhuana teve dificuldade de encontrar uma escola que aceitasse sua matrícula, ingressando no sistema de ensino regular apenas aos 11 anos. O apoio e incentivo de sua família foi essencial para permanecer na escola, formando-se professora no Magistério, contrariando muitas pessoas que se valiam do capacitismo para desmotivar a família.
Rhuana diz que muita coisa melhorou de lá pra cá. O ponto crucial da melhora é o Estatuto da Pessoa com Deficiência instituído em 2015 (Lei 13.146/15), que assegura os direitos da pessoa com deficiência, como matrícula no ensino regular, por exemplo. Mesmo assim, ainda há muitos desafios a serem superados nas escolas como adaptação adequada às diversas deficiências e principalmente em relação aos materiais específicos como livros em braille e impressoras, no caso da deficiência visual. Mas, segundo Rhuana, o desafio maior continua sendo a falta de aceitação das pessoas.
Hoje, como professora de braile, Rhuana, que participou do Concurso de Fotografia de Educação Financeira do IBS no ano passado, atua na Secretaria de Educação do município de São Francisco do Itabapoana (RJ) onde está ajudando a implementar acessibilidade para crianças com deficiência visual nas escolas da rede.
Assim como Rhuana, Rosilei Maria Machado, surda, professora de Língua Portuguesa/Libras na Escola Municipal de Ensino Fundamental Especial Caminhos do Aprender, em Bento Gonçalves (RS), concorda que houve progresso no que diz respeito aos direitos da pessoa com deficiência, mas que ainda há muitos desafios a serem superados.
Segundo Rosilei, o MEC e muitas universidades têm investido em cursos de formação para professores que desejam trabalhar com alunos especiais usando pedagogia adequada nas salas de recursos de Atendimento Educacional Especializado – AEE. Ela mesma está procurando ampliar seus conhecimentos. Já realizou o Curso de Educação Financeira EaD do IBS e agora já está matriculada no Curso EaD de Desenho e Pintura, pois o IBS oferece tradução em Libras.
Ações presenciais do IBS em 2022 levaram inclusão para pessoas cegas
Além do acervo literário habitual do IBS, a sala de leitura da Escola Laurita de Souza Ribeiro, em Camaçari (BA), foi enriquecida com livros em braile para atender às necessidades de duas alunas cegas, Carolina e Vitória. A novidade empolgou as jovens que, antes, dependiam da leitura oral dos textos. “Gostei muito da leitura dos livros em Braile, principalmente dos desenhos, de poder entender quais desenhos tem nas páginas, já estou animada para ler todo o livro”, destacou Carolina.
Além do acervo em braile, as meninas puderam aproveitar a Oficina de Música, uma possibilidade que encantou as alunas. “Estou fazendo a atividade de música e fiquei muito feliz de ajudar com o vidrofone e aprender a tocar esse instrumento”, revelou Vitória.