O último ano como estudante do Ensino Fundamental de Bianca Aires ocorreu em 2009. Foi justamente o ano em que o Instituto Brasil Solidário chegou a Cabaceiras (PB). O momento não poderia ter sido mais oportuno para a estudante. “Lembro-me de quando eles chegaram com propostas educacionais inovadoras, recursos pedagógicos que envolvia todos os alunos, tornando-os protagonistas desse processo tão lindo que é a educação. E foi nas oficinas de Educomunicação e Meio Ambiente que fui influenciada”, conta ela.
Após finalizar o Ensino Médio, Bianca iniciou uma longa trilha de aprendizados e autoconhecimento. Foi estudar Pedagogia na UFPB, depois em Agroecologia na UFCG e, em seguida, Letras na IFPB, mas seu coração bateu mais forte pela Pedagogia e esse foi o caminho escolhido por ela.
Quatro anos depois, já formada, se tornou mãe. Mas uma “mão atípica”, como ela própria define. Transformando a maternidade em propósito, resolveu se aprofundar no mundo da neurociência aplicada à educação. “Meu objetivo era estudar, entender e tratar o autismo da minha menina ao ponto em que as pessoas a vissem e achassem que ela não tinha nada”, diz. Não só ela conseguiu atingir esse objetivo, como foi além, abrindo um consultório onde poderia atender crianças atípicas e com dificuldades de aprendizagem e ajudá-las nesse processo como neuropsicopedagoga.
“Hoje, entendo que as escolhas que fiz ao longo da minha vida foram necessárias para que eu me tornasse a pessoa que sou hoje. Quem diria que a filha de um pai agricultor, de uma mãe dona de casa/empreendedora que não concluíram os estudos, além de ser mãe atípica poderia sequer ir atrás de mudança através da educação?”, orgulha-se.
Atualmente com 28 anos e concursada na sua cidade natal, ela não pensa em parar. “Ser professor é isso, nunca parar e sempre buscar conhecimentos e inovação para trazer um ensino inclusivo e equitativo para além das quatro paredes de uma sala de aula”.
E, assim, aquela aluna ‘danadinha’ de 2009 se atreveu a mudar a realidade da Educação no Brasil, a partir de seu município e deixa uma mensagem final: “Obrigada, IBS! Gostaria que todos tivessem a oportunidade de conhecer vocês e ser impactados como eu fui. Acreditem no poder da educação!”.